Após alta no segundo trimestre deste ano, a produtividade do trabalho na indústria de transformação voltou a cair: no estudo referente ao terceiro trimestre, divulgado nesta terça-feira (13), o indicador apresentou queda de 2,1% comparado ao relatório anterior, com base na série livre de efeitos sazonais. A produtividade, medida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), é a relação entre o volume de bens produzidos e as horas trabalhadas na produção.
“O recuo do indicador de produtividade na indústria praticamente reverteu o ganho de 2,5% obtido no segundo trimestre, quando a primeira alta foi registrada após seis trimestres seguidos de baixa”, informa o relatório da CNI.
Com as quedas consecutivas desde o quarto trimestre de 2020, o índice retornou, em 2022, a patamares registrados em 2015, período de recessão econômica. Assim, este será o terceiro ano consecutivo de perda de produtividade, com queda do indicador em torno de 2%, abaixo do recuo registrado em 2021 (-4,6%). Entre 2019 e 2021, foi acumulado recuo de -5,1%.
A falta de insumos, problema enfrentado pelo setor industrial desde o início da pandemia de covid-19, apresentou melhoras significativas nos primeiros trimestres do ano, mas ainda não é possível afirmar que a situação está totalmente normalizada, segundo a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.
“A falta de insumos provoca interrupções na produção, e esse pode ser um dos fatores que explica o recuo da produtividade”, afirma a gerente.
Outra dificuldade para a indústria é referente às taxas de juros elevadas, que encarecem o crédito para investimento e impõem uma perda de ritmo à economia como um todo, comprometendo a recuperação da produtividade.
Crescimento é determinante
Realizado com base em estatísticas da CNI e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo Produtividade na Indústria tem o objetivo de monitorar a evolução da competitividade da indústria brasileira, com foco no indicador de produtividade do trabalho.
“A produtividade é uma variável-chave para o crescimento sustentado da produção das empresas e determinante para o crescimento econômico de longo prazo. A empresa mais produtiva consegue reduzir custos, obter maiores lucros e, assim, pagar melhores salários”, enfatiza Samantha Cunha.
Na mesma base de comparação em que é medida a produtividade do trabalho, o relatório aponta que as horas trabalhadas apresentaram um aumento de 2%, enquanto o volume produzido praticamente não sofreu variação (-0,2%).