Indústrias brasileira e japonesa buscam acordo econômico Mercosul-Japão

8/11/2024   11h11

Durante agenda do setor privado em Tóquio, CNI e Keindanren assinaram uma carta conjunta em que pedem aos governos o avanço nas negociações. O tratado deve nivelar as condições de acesso aos mercados

CNI e Keidanren entregaram ao primeiro-ministro do Japão, Ishiba Shigeru, recomendações conjuntas para o avanço do acordo Japão-Mercosul

O Japão e o Mercosul podem experimentar um cenário ainda mais promissor de desenvolvimento econômico e social ao superar velhos desafios da parceria. Para o setor privado do Brasil – que integra o Mercosul – e do país asiático, a chave para esta transformação é o Acordo de Parceria Econômica Mercosul-Japão. A necessidade do acordo foi evidenciada em uma carta de recomendações assinada nesta quarta-feira (6), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela contraparte japonesa, a Federação Empresarial do Japão (Keidanren), durante a 25ª Reunião Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão, em Tóquio.

 

 

Desde 2015, os setores empresariais dos países defendem o acordo de parceria comercial. Em 2018, a CNI lançou um roadmap com sugestões de pontos que deveriam ser abrangidos pelo documento. Para o Japão, o acordo tornaria mais garantido o fornecimento de recursos minerais, ração e alimentos. Já para as economias do Mercosul, não apenas o acesso ao mercado japonês para mercadorias primárias e outras se tornaria mais fácil, mas o Japão seria uma porta de entrada que possibilitaria a expansão para o mercado asiático.

 

 

O Mercosul – que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia – é umas das maiores economias em desenvolvimento e um potencial significativo de mercado para o Japão. Já o país asiático é a quarta maior economia do mundo e um parceiro comercial e de investimentos relevante para o Brasil. A balança comercial entre os dois países vem se recuperando nos últimos anos.

 

 

Os números da relação Brasil-Japão são consideráveis, mas há potencial para crescimento, de acordo com dados elaborados pela CNI com base em estatísticas do Banco MundialComexStatBanco Central, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e FDI Markets:

  • Em 2023, o Japão foi o 9° parceiro comercial do Brasil. Naquele ano, a corrente de comércio entre os dois países alcançou US$ 11,7 bilhões.
  • Foram US$ 6,6 bilhões em exportações brasileiras para o Japão no ano passado, sendo 46% da indústria de transformação e US$ 5,1 bilhões em importações, com quase 100% também da indústria de transformação.
  • O Japão foi o 7º investidor direto do Brasil em 2023.
  • Na indústria brasileira, os setores automotivo, equipamentos industriais, aparelhos médicos e de borracha foram os que mais receberam anúncios de investimentos do Japão no Brasil entre 2019 e 2023, com destaque para as empresas japonesas Toyota Motor, Hitachi, Nipro, Bridgestone e Komatsu.
  • Na economia japonesa, os setores de químicos e de serviços empresariais foram os com mais investimentos brasileiros, com destaque para a Novonor e a Pinheiro Neto Advogados.

 

 

É possível ampliar comércio e investimentos

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, os números confirmam que é possível ampliar o comércio e os investimentos bilaterais para obter ganhos reais para ambos os lados.

 

 


“Por isso o trabalho realizado pelo Conselho Empresarial Brasil-Japão é fundamental para aprofundarmos os laços que nos unem e construirmos um futuro mais próspero para os dois países. As ações nessa direção são especialmente importantes neste momento em que precisamos dar respostas adequadas aos problemas globais causados pelas mudanças climáticas, pelas tensões geopolíticas e pela digitalização acelerada da economia”, disse o presidente, em Tóquio. 

 

 


 

 

De acordo com Alban, outras iniciativas que ajudarão a acelerar o crescimento das economias dos países são a inclusão de novos temas na agenda governamental, como cooperação em tecnologia sustentável, inovação agrícola e desenvolvimento de cadeias produtivas, além de parcerias para a produção de energias renováveis.

 

 

Conselho Empresarial Brasil-Japão é o mais antigo da CNI

Mecanismo bilateral mais antigo secretariado pela CNI, o Conselho Empresarial Brasil-Japão (Cebraj) tem o objetivo de promover as relações econômicas e ampliar os fluxos de comércio e de investimentos bilaterais. A seção japonesa é presidida pela Mitsui e a brasileira pela Vale, ambas representadas pelos respectivos CEOs.

 

 

A agenda da CNI no Japão começou nesta segunda-feira (4), com a participação do presidente Ricardo Alban na abertura do Encontro de Representantes Brasileiros de Comércio, Ciência, Tecnologia e Inovação e Adidos Agrícolas que atuam no Leste Asiático. A plenária do Cebraj aconteceu nos dias 5 e 6 de novembro, em Tóquio.

 

 

Indústria brasileira listou propostas para melhorar relação

Além da importância do acordo Mercosul-Japão, a indústria brasileira levou para a agenda do setor privado em Tóquio outras cinco prioridades: o apoio à negociação do Acordo de Reconhecimento Mútuo entre os programas de Operador Econômico Autorizado com o Japão, para reduzir a burocracia e aumentar a competitividade; a reabertura da discussão sobre requisitos técnicos para concessão de patentes para plásticos sustentáveis, para garantir maior segurança jurídica; e a eliminação ou mitigação das barreiras restritivas ao comércio, para ampliar o acesso ao mercados.