Durante agenda do setor privado em Tóquio, CNI e Keindanren assinaram uma carta conjunta em que pedem aos governos o avanço nas negociações. O tratado deve nivelar as condições de acesso aos mercados
O Japão e o Mercosul podem experimentar um cenário ainda mais promissor de desenvolvimento econômico e social ao superar velhos desafios da parceria. Para o setor privado do Brasil – que integra o Mercosul – e do país asiático, a chave para esta transformação é o Acordo de Parceria Econômica Mercosul-Japão. A necessidade do acordo foi evidenciada em uma carta de recomendações assinada nesta quarta-feira (6), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela contraparte japonesa, a Federação Empresarial do Japão (Keidanren), durante a 25ª Reunião Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão, em Tóquio.
Desde 2015, os setores empresariais dos países defendem o acordo de parceria comercial. Em 2018, a CNI lançou um roadmap com sugestões de pontos que deveriam ser abrangidos pelo documento. Para o Japão, o acordo tornaria mais garantido o fornecimento de recursos minerais, ração e alimentos. Já para as economias do Mercosul, não apenas o acesso ao mercado japonês para mercadorias primárias e outras se tornaria mais fácil, mas o Japão seria uma porta de entrada que possibilitaria a expansão para o mercado asiático.
O Mercosul – que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia – é umas das maiores economias em desenvolvimento e um potencial significativo de mercado para o Japão. Já o país asiático é a quarta maior economia do mundo e um parceiro comercial e de investimentos relevante para o Brasil. A balança comercial entre os dois países vem se recuperando nos últimos anos.
Os números da relação Brasil-Japão são consideráveis, mas há potencial para crescimento, de acordo com dados elaborados pela CNI com base em estatísticas do Banco Mundial, ComexStat, Banco Central, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e FDI Markets:
- Em 2023, o Japão foi o 9° parceiro comercial do Brasil. Naquele ano, a corrente de comércio entre os dois países alcançou US$ 11,7 bilhões.
- Foram US$ 6,6 bilhões em exportações brasileiras para o Japão no ano passado, sendo 46% da indústria de transformação e US$ 5,1 bilhões em importações, com quase 100% também da indústria de transformação.
- O Japão foi o 7º investidor direto do Brasil em 2023.
- Na indústria brasileira, os setores automotivo, equipamentos industriais, aparelhos médicos e de borracha foram os que mais receberam anúncios de investimentos do Japão no Brasil entre 2019 e 2023, com destaque para as empresas japonesas Toyota Motor, Hitachi, Nipro, Bridgestone e Komatsu.
- Na economia japonesa, os setores de químicos e de serviços empresariais foram os com mais investimentos brasileiros, com destaque para a Novonor e a Pinheiro Neto Advogados.
É possível ampliar comércio e investimentos
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, os números confirmam que é possível ampliar o comércio e os investimentos bilaterais para obter ganhos reais para ambos os lados.
“Por isso o trabalho realizado pelo Conselho Empresarial Brasil-Japão é fundamental para aprofundarmos os laços que nos unem e construirmos um futuro mais próspero para os dois países. As ações nessa direção são especialmente importantes neste momento em que precisamos dar respostas adequadas aos problemas globais causados pelas mudanças climáticas, pelas tensões geopolíticas e pela digitalização acelerada da economia”, disse o presidente, em Tóquio.