O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, destaca que o estado possui uma vocação historicamente confirmada para a atividade petrolífera. Com a maior produção nacional de petróleo em terra e tendo sido o segundo principal produtor em mar, hoje o Rio Grande do Norte tem, na atividade, 60,6% do PIB Industrial e 12,3% do PIB geral do estado.
Em entrevista ao Portal da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), que pode ser acessada na íntegra no site www.onip.org.br, Serquiz ressalta que os investimentos de empresas independentes em ativos da Bacia Potiguar, o tempo de exploração e a qualidade das unidades de ensino, pesquisa e inovação do estado garantem um perfil robusto para a exploração petrolífera.
Do ponto de vista da Federação das Indústrias, a exploração e produção no o Rio Grande do Norte é estratégica para o país? Por que?
As análises sobre o desempenho das empresas independentes, que passaram a atuar na Bacia Potiguar de forma efetiva a partir de dezembro de 2019, mostram que a contribuição do Rio Grande do Norte será decisiva e, sim, estratégica para um crescimento significativo da produção de petróleo no país. Os investimentos são notáveis e apontam para um crescimento, com os consequentes desdobramentos positivos para a geração de emprego.
Alguns dados confirmam essa perspectiva e podemos citar: O campo do Amaro, que está localizado na bacia potiguar, se destacou como o maior produtor de petróleo onshore do Brasil, no segundo trimestre de 2024, ao contribuir com 8,18% da produção nacional dessa categoria. Isso dá uma ideia da importância da nossa atividade. Claro que o Pré-Sal tem uma proporção muito maior, mas a exploração em terra ainda possui sua importância. Há expectativa de crescimento e uma dimensão inegável para a economia estadual e — porque não reconhecer? — nacional. Afinal, o Rio Grande do Norte tem sua área de produção consolidada e outras a serem exploradas. Os investimentos bilionários feitos por empresas reconhecidas pela produtividade e avanços tecnológicos confirmam as expectativas positivas.
Então, como maior produtora em terra, a indústria de petróleo do RN é, sim, estratégica para o país, principalmente por ter potencial para um desenvolvimento ainda mais significativo do que apresenta no seu estágio atual. Mas não somente por isso. Há as possibilidades da Margem Equatorial, na qual o Rio Grande do Norte está inserido e pode ser um dos estados com as principais contribuições para essa área com excepcionais potencialidades.
Como a Federação vê o desenvolvimento e o potencial da Margem Equatorial Brasileira? O país precisa avançar na exploração da região? Por que?
Esse é, sem dúvida, outro fator relevante e estratégico capaz de ampliar o posicionamento do Rio Grande do Norte em relação à atividade petrolífera nacional. As descobertas das reservas da margem equatorial – que tem uma extensão de mais de 2,2 mil km, ao longo da costa, que vai do litoral setentrional do Rio Grande do Norte até o Oiapoque, no Amapá — sinalizam um potencial relevante.
Pesquisas preliminares apontam que a exploração poderá se estender até 2050 com geração de mais de 30 bilhões de barris. Estimam-se investimentos iniciais apenas da Petrobrás em US$ 2,3 bilhões. Estudos do Observatório Nacional das Indústrias (CNI) projetam que, iniciada a exploração da margem equatorial, o impacto em um ano de operação fará com que o PIB Industrial do estado do Rio Grande do Norte aumente em R$ 10 bilhões, com uma geração de 54.304 empregos diretos e indiretos, bem como aumento de 19,8% no Valor da Produção estadual.
O Rio Grande do Norte registrou a maior produção de petróleo e gás em quatro anos. Para a FIERN, como esse cenário está beneficiando a indústria local?
A FIERN está de mãos dadas com as indústrias de petróleo, desde a capacitação da mão de obra, passando pelo apoio técnico e articulação com o setor público e intercâmbios internacionais. Agora, com a chegada das empresas que assumiram os campos maduros da Petrobras e a descoberta do Campo de Pitu em águas profundas da margem equatorial, renascem novas oportunidades para a geração de empregos, renda e desenvolvimento.
Alguns números já demonstram o impacto na economia local dessas atividades. Em 2020, segundo o IBGE, o PIB da Indústria de Petróleo era estimado em R$ 4,8 bilhões, e dois anos depois já se aproxima de R$ 10,4 bilhões. O mesmo crescimento se verifica nos empregos formais gerados. Conforme CAGED, em 2020, o setor representava 6,4% de todas as carteiras assinadas no Rio Grande do Norte; já em 2023, alcançou 8,6%, saindo de 4.560 vínculos para aproximadamente 7 mil empregos. Dados do CONFAZ apontam a relevância do setor também na arrecadação de ICMS. Em 2020, o setor alcançou a marca de R$ 1,2 bilhões; já em 2023, superou R$ 1,7 bilhões.
Pensando no futuro, a perspectiva é positiva para o estado? O que é preciso para tornar ainda mais promissor esse cenário e alavancar a produção de petróleo e gás?
As perspectivas para o Rio Grande do Norte são muito positivas nesse setor. Há previsão, segundo dados do Boletim “Consultoria Econômica do Banco do Brasil – Resenhas Regionais”, de que o Estado deverá ter um crescimento no PIB do Nordeste próximo de 6%, enquanto a média do Nordeste projeta um crescimento de 3,3%. A explicação para este crescimento está especificamente no PIB da Indústria, que também apresenta uma perspectiva de aumento acima da média regional. Esse crescimento é impulsionado exatamente pela indústria de petróleo e gás natural. O Sistema FIERN continuará atuante na defesa de um ambiente cada vez mais favorável para esses empreendimentos e, ao mesmo tempo, garantir a atuação das nossas instituições de formação profissional, capacitação, pesquisa e inovação.
Temos aqui o centro de referência nacional da atividade, o CTGAS-ER, em Natal, e também o Instituto SENAI de Inovação em Petróleo e Gás, em Mossoró. Esses importantes centros de estudo e desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao petróleo e à transição energética — ambos geridos pelo SENAI-RN, no Sistema FIERN — dão sua contribuição para que tenhamos profissionais preparados e capacitados, inovação, competitividade e desenvolvimento tecnológico à altura dos desafios do setor.