Incêndios no Brasil: conselho da CNI debate impacto na indústria e estratégias de combate

26/09/2024   10h17

138ª reunião do COEMAS dialogou com governo e sociedade estratégias para ajudar país, que já registrou mais fogo neste ano do que em 2023. CNI também apresentou atuação da indústria na COP16 e COP29

 

Incêndios no Brasil: conselho da CNI debate impacto na indústria e estratégias de combate

 

 

Em menos de nove meses, o Brasil já registrou mais focos de queimadas do que em todo o ano passado, segundo informações Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Diante deste cenário, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu, nesta terça-feira (24), a 138ª reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) para debater formas de colaborar com os governos federal e estaduais no combate aos incêndios e à seca no país.

 

 

O presidente do Coemas e da Federação das Indústrias de Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé, elencou alguns dos prejuízos vividos pela população do estado em decorrência da seca e das queimadas, e afirmou que é necessário unir os esforços para minimizar os efeitos causados pelas mudanças climáticas no país.

 

 

“Em Rondônia, o índice de absenteísmo do trabalhador cresce. Ao menos 60 dias de força de trabalho já foram perdidos. Algumas cadeias produtivas foram fortemente impactadas. Outro dia, um empresário me disse que tinha que desligar as máquinas em determinado horário do dia por causa do superaquecimento”, citou Thomé.

 

 


“Quero reafirmar o compromisso da CNI em colaborar com os governos federais e estaduais para reverter esse cenário. Acredito que a agenda de mitigação e adaptação é público-privada. É um problema de todos nós e, por isso, vamos trabalhar para que haja uma ação coordenada”, acrescentou.

 


 

 

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima que 11,2 milhões de pessoas foram diretamente afetadas por incêndios florestais nas cidades brasileiras desde o início deste ano. Os números constam de levantamento feito pela entidade, que calcula os prejuízos econômicos com as queimadas em R$ 1,1 bilhão.

 

 

O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Rural do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), André Rodolfo de Lima, participou da reunião e explicou como a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, sancionada em julho, ampliou a responsabilidade sobre a prevenção e redução dos incêndios florestais.

 

 

“Até então, toda a estrutura do governo para combate a incêndios em áreas públicas federais se organizou no Prevfogo, órgão que mais combate incêndios no Brasil. Com a nova lei, passamos a ter um trabalho de cooperação – algo que a gente já vem fazendo no Pantanal.”

 

 

De acordo com Lima, a seca enfrentada pelo Brasil “não é um acontecimento pontual”. Ao apresentar a evolução da seca em uma série histórica de 1950 a 2024, ele mostrou que o país tem, ano após ano, chuvas abaixo da média o que torna as florestas mais vulneráveis.

 

 

“Chegar ao desmatamento zero em 2030 não é impossível. Reduzimos em um ano e meio 60% do desmatamento na Amazônia. Nosso maior desafio vai ser o incêndio florestal e vamos ter que nos preparar de maneira robusta, para garantir que a floresta que vai deixar de cair não seja queimada”, afirmou o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Rural do MMA.

 

 

Segundo Lima, a indústria no Brasil pode contribuir de diversas formas nessa agenda. Como exemplo, ele apontou que as aeronaves de pulverização, tratores e drones sejam adaptados e desenvolvidos para apagar queimadas.

 

 

O secretário extraordinário do MMA trouxe algumas recomendações para o setor privado:

  1. apoiar campanhas para não colocarem fogo nesta temporada de incêndios;
  2. acompanhar o Comitê Nacional de Manejo Integrado de Fogo;
  3. apoiar a formação de brigadas voluntárias e de planos de prevenção, preparação e combate aos incêndios nas comunidades em seu entorno (indústrias próximas a áreas rurais ou em suas cadeias de fornecimento);
  4. apoio da indústria de papel e celulose, com seu conhecimento, na formulação da política e do desenho de planos regionais de locais de prevenção, preparação e controle de incêndios; e
  5. apoiar na concepção de uma política nacional de incentivos à indústria nacional de prevenção e combate a incêndios florestais.

 

 

A governança da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo será realizada pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo, com caráter consultivo e deliberativo, e contará com a participação de representantes de diversos setores, garantindo a coordenação entre instituições públicas, privadas e a sociedade civil.

 

 

CNI nas COPs

Neste ano, a CNI vai participar da 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16) e da 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29).

A COP 16 será em Cali, na Colômbia, entre 21 de outubro e 1º de novembro. O evento traz o lema “Paz com a Natureza” e são esperados mais de 10 mil visitantes de todo o mundo nesta edição.

A COP da Biodiversidade ocorre a cada dois anos e a proposta da ONU é oferecer uma reflexão sobre o meio ambiente e a possibilidade de melhorar a relação do homem com ele, reduzindo o modelo econômico baseado na extração e na superexploração da natureza.

Para isso, o mundo vem tentando se reinventar. Na edição anterior da COP da Biodiversidade, a COP15, foi adotado o Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (GBF), que tem como meta deter e reverter a perda da natureza.

Já a COP29 vai acontecer entre 11 e 22 de novembro de 2024, em Baku, no Azerbaijão. A CNI, representante da indústria brasileira e membro observador da COP, terá um espaço no evento, em que estão previstas:

  • realização de painéis temáticos no estande da Confederação na zona verde, área destinada a exposições, workshops e outras atividades que envolvem ONGs, setor privado e instituições acadêmicas
  • divulgação de estudos, documentos técnicos e posicionamentos
  • acompanhamento das negociações

 

 

A expectativa é:

  • posicionar a indústria brasileira como setor estratégico na oferta de soluções para a transição global para uma economia de baixo carbono
  • fomentar parcerias e investimentos
  • proporcionar um ambiente de debates e networking entre indústrias brasileiras e empresas, congêneres e organismos internacionais
  • estreitar relacionamento com empresas e entidades internacionais