Os números mostram que há uma procura crescente por carros elétricos no país e que, no Rio Grande do Norte, a tendência é semelhante. Nos primeiros quatro meses de 2024 foram comercializadas 51.296 mil unidades deste tipo, um crescimento de 162% em relação ao mesmo período de 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). No Estado, até junho, foram emplacados mais de 3.500 carros elétricos e híbridos. Uma quantidade superior ao todo o ano anterior (2.338 emplacamentos). Os indicadores confirmam, mas seria suficiente observar nas ruas para constatar que é cada vez mais comum esse tipo de veículo em circulação.
Com o aumento do uso de elétricos, haverá a necessidade de profissionais especializados na manutenção desse tipo de veículos. “Percebemos que aumenta a venda desses carros. E precisamos formar agora a mão de obra [para o setor]. Quando os carros apresentarem a necessidade de manutenção, serão necessários profissionais para consertá-los”, afirma o consultor alemão Andreas Dohle, especialista no setor que presta consultoria ao SENAI-RN.
Uma parceria entre a instituição alemã EIC Trier -IHK/HWK- Europa- und Innovationscentre GmbH, o SENAI-RN — por intermédio do CTGAS-ER — e a IFSC (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina) vai dimensionar com detalhes e precisão essa necessidade. A pesquisa está em andamento e deve mostrar a dimensão do mercado e procura por profissionais no setor.
“O objetivo da pesquisa é trazer um panorama atual do setor de eletromobilidade e a intenção de contratações de profissionais para atuar no segmento”, informa Amora Vieira Cavalcante, diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI Rio Grande do Norte.
A pesquisa é aplicada nos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Com isso, foram selecionados dois estados de cada uma das regiões Nordeste, Sul e Sudeste.
“O Rio Grande foi incluído em função do SENAI-RN participar e ter escopo em educação na área de mobilidade elétrica”, explica Amora Vieira. “E Santa Catarina, com a participação do IFSC no projeto, e também ter excelência em formação nessa área. Os demais estados possuem alguma liderança e atuação de empresas em mobilidade, por isso, a escolha”, acrescenta.
“Temos uma parceria de longo prazo com a EIC Trier. Nessa parceria, desenvolvemos o projeto do buggy elétrico”, ressalta a diretora do CTGAS-ER. “Seguimos em ações constantes de nossa equipe nos projetos para estruturação de nosso laboratório didático na área de Eletromobilidade e, agora, passamos a atuar em uma pesquisa inédita para conhecer as necessidades do setor na formação de pessoas e ter a visão da indústria sobre esse assunto”, observa, ao apontar que isso “corrobora com a missão e a implementação de um novo portfólio de serviços educacionais para a indústria”.
Para o consultor alemão, a partir das informações que serão sistematizadas com a pesquisa, vai ser possível estruturar os cursos e, assim, formar os profissionais necessários a um mercado em expansão.
Dohle aponta que a pesquisa vai detalhar a dimensão mais precisa do mercado neste setor, as exigências do mercado para essa formação e o direcionado necessário à preparação dos profissionais. “Um dos elementos do nosso trabalho é fazer uma pesquisa de mercado, que o pessoal do CTGAS-ER está ajudando a conduzir. Com essa pesquisa, saberemos qual é a demanda real nas diversas regiões do Brasil. Vamos saber qual a mão de obra demandada, a quantidade necessária desses profissionais, os temas que precisam ser trabalhados”, cita.
O CTGAS-ER é a instituição encarregada de coordenar o trabalho. O projeto é o mais novo do Centro em meio a um volume crescente de iniciativas no SENAI que ganham corpo nas áreas de energia e sustentabilidade, em parceria com outros países.
Exemplos de cooperação internacional capitaneados pelo CTGAS-ER se multiplicaram na última década, impulsionando avanços tecnológicos e na educação não só do estado, mas do Brasil.
Apenas com a Alemanha, iniciativas conjuntas resultaram, desde 2022, no primeiro carro elétrico desenvolvido no Brasil para regiões de dunas – um buggy, da indústria potiguar de veículos Selvagem – na primeira planta-piloto do país para desenvolvimento de SAF (combustível sustentável de aviação) e no “Centro de Excelência em Formação Profissional para Hidrogênio Verde” do Brasil, instalado em fevereiro deste ano, no CTGAS-ER.
Uma série de eventos em Natal para incentivar mais inclusão e oportunidades para meninas e mulheres no setor de energias renováveis, área em que são minoria, convênios com o governo alemão para o desenvolvimento de infraestrutura de pesquisa aplicada e qualificação profissional, também foram concretizados. O desenvolvimento de soluções tecnológicas para o Brasil na área de energia é uma das trilhas com a Espanha e outras, envolvendo a Dinamarca, estão no radar.
Texto: Aldemar Freire
Foto: Agência de Notícias da CNI e Divulgação