Busca por qualificação em energia eólica triplica no RN e supera nível pré-pandemia

27/01/2022   16h28

A Especialização Técnica em Energia Eólica é um dos cursos ligados ao setor com maior demanda: Imagem mostra parte de uma das turmas do CTGAS-ER

 

A busca por qualificação em energia eólica, em 2021, superou em mais de três vezes o nível registrado pré-pandemia no Rio Grande do Norte. E a tendência para os próximos anos é de continuidade na curva de crescimento.

 

A análise faz parte de um levantamento divulgado, nesta quinta-feira (27), a partir de matrículas realizadas nos últimos três anos pelo Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI no Rio Grande do Norte e principal referência do SENAI no Brasil em qualificação profissional para os setores de energia e do gás.

 

“Nós tivemos um crescimento de 234,84% no número de matrículas em relação a 2019 e de 44,63% na comparação com 2020”, diz o diretor do Centro e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello. “O que fez a busca por qualificação acelerar em 2021 foi a velocidade de implantação dos parques eólicos”.

 

Expansão
Cursos presenciais e a distância relacionados à atividade atraíram 1.105 pessoas, entre janeiro e dezembro de 2021, ante 330 em 2019. Em 2020, o contingente chegou a 764. Números da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), divulgados pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), confirmam que o setor está aquecido.

 

De acordo com os dados, o Brasil registrou no ano passado “o maior incremento da história em capacidade instalada de energia eólica” e o Rio Grande do Norte, o maior produtor desse tipo de energia no país, foi o estado que mais puxou esse crescimento. Dos mais de 3 Gigawatts (GW) instalados no país no período, 44,19%, ou 1,35 GW, foram implantados em território potiguar.

 

“Iniciamos 2021, no estado, com aproximadamente 5 Gigawatts (GW) em capacidade instalada construída nas últimas duas décadas, e fechamos o ano com mais de 6 GW. Há um movimento de forte expansão e perspectiva de que a alta continue, com a demanda por pessoas qualificadas também muito intensa pelo menos até 2025, considerando os projetos que já estão contratados”, observa Rodrigo Mello.

 

 

Ranking
O recorde registrado em 2021 levou a atividade pela primeira vez ao topo do ranking das áreas com mais matrículas no SENAI do Rio Grande do Norte, no período.

 

O salto foi da 11ª posição, em 2020, para a 5ª em 2021. A participação no total de matrículas avançou de 2,43% para 6,01%.

 

Com essa escalada, o setor ficou atrás apenas de cursos ligados à segurança do trabalho – que aparecem na primeira posição e também têm demanda puxada especialmente pelo trabalho no setor de energia – e das áreas de vestuário, gestão e logística, nesta ordem.

 

Mulheres
Outro destaque no período foi o crescimento na matrícula de mulheres, com alta de 307,89% em relação a 2019, ante 225,34% de avanço no total de homens.

 

Apesar do ritmo, o público feminino ainda é minoria nas salas de aula e estratégias do SENAI, em parceria com empresas do setor, tentam mudar essa realidade – com esforços para ampliar a diversidade não só nos cursos, mas também no mercado de trabalho.

 

“Nós estamos respondendo a uma natural evolução da sociedade e da indústria, em que a busca por profissionais do sexo feminino nas ocupações mais tecnológicas, incluindo as do setor de energia, é crescente. As mulheres buscam esse incremento por motivos óbvios, do ‘por que não?’, diz o diretor do CTGAS-ER, Rodrigo Mello.

 

As mulheres representam 14% das matrículas no Centro em 2021. A participação é mais que o dobro da que existia em 2015 (6,73%), quando alunas ingressaram pela primeira vez em cursos da área. “O SENAI buscou se adaptar. Está respondendo a essa nova demanda por equilíbrio nas profissões e a expectativa é que se mantenha o crescimento do público feminino ocupando vagas das indústrias de energia”, analisa Mello.

 

Crescimento na matrícula de mulheres é destaque. Número de homens, porém, ainda é maior em salas de aula

 

Desenvolvimento Sustentável
Amora Vieira, assessora de Mercado e Projetos do SENAI-RN – que, no CTGAS-ER, tem liderado ações para promover a diversidade na instituição e em cursos como os de Energias Renováveis – observa que as investidas nesse sentido estão alinhadas com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que preveem educação de qualidade e igualdade de gênero, entre outros avanços.

 

As investidas do Centro relacionadas à diversidade se intensificam desde o início da pandemia, quando parcerias com empresas do setor e outras instituições passaram a explicitar com mais clareza que existem oportunidades para todas as pessoas, mesmo em áreas com tradicional predominância masculina.

 

“Nós começamos esse movimento com a agência alemã GIZ, produzindo um vídeo que comunica à sociedade que também há espaço para mulheres em profissões tecnológicas, com foco em energia solar”, diz Vieira.

 

“Agora, desde 2021, o SENAI tem sido demandado de forma significativa pela indústria eólica para formar turmas mistas ou exclusivas para mulheres no desenvolvimento de competências para o setor, e também passou a fazer parte do GT Transformação da ABEEólica, um Grupo de Trabalho com discussões de ações que incluam todas as pessoas nas oportunidades trazidas pelos parques eólicos”, acrescenta. “Isso só corrobora com o momento e reforça o argumento de que os cursos técnicos também são para mulheres”.

 

A demanda chega aquecida do setor e também leva o SENAI a olhar para outros ramos da indústria. Em uma ação iniciada neste mês de janeiro, na cidade de Parelhas, o incentivo da instituição é para que mulheres a partir de 18 anos também se inscrevam em cursos de pedreiro de alvenaria e armador de ferro, oferecidos de forma gratuita por meio de projeto com a Elera, empresa de energia que vai construir um complexo eólico no município.