Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (11)
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera incompreensível e totalmente injustificada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, a Selic, após reunião nesta quarta-feira (11). Trata-se da terceira alta consecutiva da taxa, agora em 12,25% ao ano.
Para a CNI, manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal.
Além disso, a decisão do Banco Central ignora a desaceleração da atividade econômica, já observada no PIB do terceiro trimestre, e a tendência de redução de juros nas principais economias globais, como os Estados Unidos, que partem para o terceiro corte seguido nos juros na próxima semana.
Segundo a CNI, intensificar a alta da Selic, diante desse cenário, custa caro para a economia e para a população, pois significa menos investimentos e, consequentemente, menos emprego e renda.
E a CNI ainda alerta: para investir, os empresários precisam estar confiantes, o que depende, entre outros elementos, de um ambiente econômico positivo, para o qual a política monetária não tem contribuído. Com isso, temos observado piora no nível de confiança dos empresários industriais. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da CNI, caiu nos três últimos meses e, em dezembro, registrou 50,1 pontos, o que indica que os empresários estão deixando de lado o otimismo com a economia e rumando para uma situação de pessimismo.
Desaceleração da inflação em novembro e perspectiva mais favorável em 2025
Recém divulgado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que mede a inflação oficial do país – desacelerou no último mês, já que a alta de 0,39% registrada em novembro foi inferior à observada em outubro, de 0,56%. No resultado de novembro, merece destaque a redução de 6,27% do preço da energia, por conta da introdução da bandeira tarifária amarela. Como em dezembro houve mudança para a bandeira verde, a expectativa é de nova redução no preço da energia esse mês.
O índice de difusão – que mede a proporção de itens do IPCA com variação positiva – reforça a melhora do quadro inflacionário em novembro, já que o índice ficou em 57,8%, abaixo do patamar de outubro, de 61,5%.
A CNI acredita que a inflação vai continuar desacelerando em 2025, pois as condições climáticas mais favoráveis no próximo ano devem contribuir para a desaceleração expressiva dos preços de alimentos e energia.
No caso dos alimentos, o clima mais favorável deve impulsionar a produtividade agrícola, com expectativa de aumento da safra e, consequentemente, maior oferta de alimentos. No caso da energia elétrica, a regularização das chuvas irá retirar a pressão sobre a tarifa. Além disso, o “bônus de Itaipu” – saldo positivo da usina de Itaipu que é repassada às distribuidoras e, consequentemente, aos consumidores – deve causar nova redução no preço da energia no começo do ano que vem.
A CNI ainda ressalta que os preços internacionais de algumas commodities energéticas, com destaque para o petróleo, que vinham sinalizando estabilidade, começam a indicar possível redução para o final do próximo ano, também contribuindo com o arrefecimento da inflação.
Pacote de redução de despesas é positivo e reação adversa é provocada por temor injustificado de que a reforma da tributação da renda não será fiscalmente neutra
De acordo com a CNI, as medidas de redução de despesas propostas pelo governo contribuem para a sustentabilidade do novo arcabouço e melhoram a sintonia entre as políticas fiscal e monetária. Outro aspecto positivo do pacote são as medidas de caráter estrutural que alcançam despesas relevantes, como o salário mínimo, abono salarial e Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Destaca-se, ainda, que as medidas representam mais pé no freio do impulso fiscal sobre a atividade econômica, movimento que já vem ocorrendo em 2024 e deve continuar em 2025, favorecendo o controle da inflação. A CNI também acredita que a meta inferior de resultado primário deve ser cumprida em 2024 e mostra-se viável para 2025, dependendo de um contingenciamento totalmente viável do orçamento.
Para a CNI, o ajuste sugerido pelo governo é positivo, embora ainda possa ser aperfeiçoado pelo Congresso, e deve ser efetivo na contenção das despesas. Logo, a CNI entende que a reação inicial ao pacote, com desvalorização da taxa de câmbio e alta nos juros futuros, foi exagerada e deve ser interpretada com cautela.
É preciso observar que a reação negativa se deve ao anúncio da isenção de imposto de renda de quem tem rendimento mensal de até R$ 5 mil. Mas, como a reforma da renda a ser enviada ao Congresso será neutra do ponto de vista fiscal, essa reação será revertida, o que faz com que qualquer tomada de decisão de política monetária a partir da reação seja precipitada e equivocada.
É preciso priorizar a agenda de redução do custo do crédito
A CNI acredita que a decisão do Banco Central é impor um remédio exagerado para controlar a inflação, com efeitos indesejados sobre a economia. Avalia, ainda, que essa postura precisa ser revista urgentemente. A trajetória da política monetária deve levar em conta a necessidade que o Brasil tem de reduzir o custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores.
Sem desatar o nó do custo do crédito, o Brasil continuará desperdiçando oportunidades valiosas, como assumir o protagonismo mundial da transição energética, agenda que pode trazer muitos ganhos à economia brasileira, mas que requer elevados investimentos elevados, completa a CNI.
Agência de Notícias da Indústria