Deep techs são startups que trabalham com tecnologias baseadas em conhecimentos científicos com alta complexidade de desenvolvimento. As soluções são disruptivas, com potencial para liderar mudanças, estabelecer novas indústrias e reinventar as atuais.
Em relação a outras startups, as deep techs levam mais tempo para pesquisa e desenvolvimento (P&D) do produto e, consequentemente, para comercialização da solução. Também demandam mais investimento e envolvem mais riscos.
A indústria pode se beneficiar das deep techs com a compra direta ou licenciamento de novas tecnologias disruptivas e com investimentos por corporate venture capital e joint ventures. Ao desenvolver soluções junto a essas startups, as empresas reduzem o risco, os custos e o tempo que levariam para realizar projetos de alta complexidade e impacto.
Características das deep techs:
- Têm como foco grandes desafios sociais e ambientais da atualidade;
- Desenvolvem soluções de alta complexidade baseadas em avanços científicos;
- Operam na convergência de mais de uma área de conhecimento, combinando diferentes tecnologias;
- Aproveitam os avanços da tecnologia de informação para o desenvolvimento de produtos com grande potencial de transformação de mercados;
- Catalisam o desenvolvimento de um novo ecossistema de inovação, que une universidades e centros de pesquisa, empresas, startups, investidores, governos, facilitadores e usuários.
Exemplos de produtos e áreas de atuação das deep techs
Robótica: drones e robôs humanoides, de armazém e de entrega
Tecnologia espacial: nanossatélites, internet baseada no espaço, manufatura espacial, estações espaciais privadas, foguetes reutilizáveis
Biotecnologia: biomateriais, agricultura molecular, software de edição genética, fermentação de precisão, proteínas alternativas, sementes geneticamente modificadas, bioimpressão
Blockchain: web 3.0, criptomoedas, carteiras digitais, contratos inteligentes
Mobilidade avançada: veículos elétricos e autônomos, hyperloop, aeronaves elétricas, supersônicas e hipersônicas
Inteligência Artificial (IA): modelos de linguagem de larga escala; algoritmos avançados de recomendação; texto para imagens, vídeo e som; modelos de difusão
Tecnologia limpa: energia solar e eólica avançada, hidrogênio verde, baterias avançadas, smart grids, microgrids, tecnologias de captura de carbono, fusão nuclear, energia geotérmica profunda
Nanotecnologia: nanosensores, nanomateriais, nanorobôs, nanocápsulas
Computação infinita: computação quântica, 5G-6G, internet das coisas, comunicação quântica, biocomputação, metaverso, realidade virtual e aumentada
Materiais avançados: grafeno, bioplástico, nanotubos de carbono, supercondutores, fibra de carbono, metamateriais, cristais fotônicos
Tecnologia da saúde: vacinas RNA, interfaces computador-cérebro, terapias de gene, cirurgias robóticas, medicina regenerativa, implantes e órgãos de impressão 3D
Manufatura avançada: robôs industriais; gêmeos digitais; nanomanufatura; construções em impressão 3D; processamento a laser; impressoras 3D avançadas multimaterial, de metal etc.
Estratégia Nacional
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) se juntou à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras instituições, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Sebrae, para apresentar uma proposta de Estratégia Nacional de Apoio ao Desenvolvimento das Startups Deep Techs e seus Ecossistemas no Brasil.
Entre as propostas parar criar um ambiente favorável à criação e consolidação de deep techs no país estão:
- Ampliar o conhecimento sobre deep techs no Brasil, incluindo o mapeamento e pesquisas sobre as empresas e seus ecossistemas, bem como a difusão de conceitos e casos de sucesso;
- Estimular ações coordenadas e alinhadas com a política governamental entre os diversos atores que compõe o ecossistema de deep techs;
- Direcionar e apoiar com recursos adequados o ecossistema de deep techs, buscando remover ou minimizar barreiras ao seu desenvolvimento;
- Alavancar a jornada das deep techs de forma contínua e perene através da criação, mobilização e direcionamento de instrumentos de apoio de diferentes fontes e modalidades, adequados a cada estágio de maturidade tecnológica e de negócio;
- Acelerar e colaborar para desburocratização e simplificação de trâmites regulatórios e jurídicos.
A Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) – movimento criado e coordenado pela CNI com as empresas que mais investem em inovação no país – também acompanha o tema das deep techs por meio dos Grupos de Trabalho de Financiamento à Inovação, e de Negócios do Futuro Este último dedica-se inteiramente a desenvolver o ecossistema de deep techs para a indústria farmacêutica do Brasil. E é liderado pela empreendedora na área de genômica, Lygia Pereira, CEO da Gen-t.