Levantamento revela o retrato do empreendedorismo industrial e destaca a participação de novos líderes: empresas com pelo menos um sócio com idade entre 21 e 40 anos criaram mais empregos formais do que empresas fora desse perfil
Levantamento revela o retrato do empreendedorismo industrial e destaca a participação de novos líderes: empresas com pelo menos um sócio com idade entre 21 e 40 anos criaram mais empregos formais do que empresas fora desse perfil
As empresas que têm pelo menos um sócio com idade entre 21 e 40 anos criaram mais empregos formais do que empresas fora desse perfil, de acordo com levantamento feito pelo Observatório Nacional da Indústria, hub de dados e inteligência da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). O estudo foi feito entre 2022 e 2023 e é um retrato do empreendedorismo industrial no Brasil.
O destaque foi exatamente essa relação entre crescimento, criação de mais empregos, e o perfil dos novos líderes: empresas com sócios jovens tiveram crescimento de 8,1%, enquanto as que não têm novos líderes no quadro de sócios cresceram 3% no mesmo período.
O levantamento foi divulgado nesta quarta-feira (27), no Encontro Nacional da Indústria (ENAI), e traz dados inéditos sobre o empreendedorismo na indústria brasileira e o perfil dos empresários do setor. Os dados mostram também que os novos líderes já representam uma parcela relevante do total de empreendedores na indústria.
E essas novas lideranças podem exercer um papel importante na promoção dos negócios na indústria, contribuindo para o fortalecimento do setor e produzindo um impacto social positivo por meio da criação de emprego e renda.
O superintendente do IEL, Paulo Mol, destaca que o estudo é uma ferramenta essencial de inteligência para subsidiar ações voltadas para o fortalecimento do empreendedorismo no setor industrial.
“Compreender o cenário do empreendedorismo é fundamental para apoiar o processo de transição das lideranças industriais para as novas gerações de empreendedores, garantindo a longevidade das empresas do setor”, afirma Paulo Mól.
O maior crescimento em empresas que contam com novas lideranças também foi observado nos maiores setores industriais.
O mundo inteiro enfrenta uma significativa transição geracional. Este fenômeno marca o crescente protagonismo das novas gerações no mercado de trabalho e na condução dos negócios. Os baby boomers, aqueles nascidos até 1960, estão saindo do mercado de trabalho e deixando as posições de liderança dentro de empresas e organizações. Em seu lugar, as novas gerações, especialmente os millenials, nascidos entre 1981 e 1994, estão ocupando cada vez mais espaço.
O estudo do Observatário abordou esse tema e indica que mais de 100 mil indústrias devem passar por transição de liderança nos próximos anos. Ou seja, uma em cada quatro empresas industriais brasileiras vão precisar realizar a transição de ao menos uma de suas lideranças para gerações mais novas nos próximos anos.
“Os novos líderes podem assumir um papel de destaque no processo de transição, assumindo novas funções no quadro de sócios e contribuindo efetivamente para a continuidade dos negócios e o fortalecimento do setor industrial”, explica a coordenadora nacional do movimento Novos Líderes Industriais, Diana Castro.
Atualmente há cerca de 108 mil empresas com pelo menos um sócio na faixa etária de 61 anos ou mais, que empregam 4,9 milhões de trabalhadores. Desse total, 48 mil empresas só possuem sócios dessa faixa etária, o que representa 44,4% das empresas que deverão passar por algum processo de transição de liderança.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que desde 2019 os millenials superam a geração de baby boomers entre os sócios de empresas industriais.
O relatório é baseado em uma análise sobre empresas brasileiras. Ele utiliza os dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), disponibilizado pela Receita Federal, e do Registro Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, para mapear as empresas e seus sócios.
Com essas fontes foi construída uma base de sociedades que relaciona sócios e empresas. O processo de qualificação dos dados buscou selecionar somente empresas ativas, com pelo menos um trabalhador formal e caracterizadas como entidades empresariais de direito privado.
“Esses dados permitem construir um retrato do empreendedorismo no Brasil, contribuindo para a identificação de desafios e oportunidades na promoção da atividade econômica, especialmente para o setor industrial”, explica a especialista em Desenvolvimento Industrial do Observatório Nacional da Indústria e líder técnica do estudo, Anaely Machado.
Como resultado, obteve-se uma base com cerca de 2,1 milhões de empresas e 3,8 milhões de sócios, representando a atividade privada em diversos setores econômicos. Essa base abrange 34,8 milhões de empregos formais nos setores de indústria, comércio e serviços referente ao ano de 2023. Isso representa 78,3% do total de empregos formais na economia e 85,5% do setor industrial.
Na segunda mesa-redonda do Encontro Nacional da Indústria (ENAI), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) lançou o movimento Novos Líderes Industriais, com o objetivo de promover o debate estratégico sobre a preparação de sucessores para lideranças no setor.
O superintendente do IEL, Paulo Mól, apresentou a iniciativa e divulgou um levantamento de dados sobre o perfil do empreendedor industrial brasileiro, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria em parceria com o IEL. Na sequência, a coordenadora nacional da iniciativa Novos Líderes Industriais, Diana Castro, conduziu uma discussão sobre o tema com o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Léo de Castro, e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe. Ao final, foi realizada a leitura do manifesto do movimento.