O desenvolvimento de SAF (combustíveis sustentáveis de aviação) no Brasil e a experiência do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) na área foram discutidos no “ICARUS Workshop: International R&I Cooperation on Sustainable Aviation Fuels”, em São Paulo, e no webinar Brazil-Australia: R&D on Sustainable Aviation Fuels, promovido pela Embaixada do Brasil na Austrália com o apoio do Ministério de Relações Exteriores.
O ISI-ER é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) em energia eólica, solar e sustentabilidade. Pesquisas pioneiras sobre SAF e a primeira planta piloto do país para produção do combustível são conduzidas pelo Instituto, sediado no Rio Grande do Norte.
Um dos objetivos do trabalho é a produção de um querosene sintético renovável capaz de reduzir as emissões de gases do efeito estufa no transporte aéreo brasileiro, a partir de matéria prima renovável, como o CO2 (Dióxido de Carbono), o H2 verde (Hidrogênio Verde) e a glicerina. A produção se dá por meio de um processo químico denominado rota Fischer-Tropsch.
“No ICARUS Workshop, nós fizemos a apresentação ‘Journey to Sustainability: Advances and innovations in Fischer-Tropsch Synthesis for SAF Production’ (Jornada para a Sustentabilidade: Avanços e Inovações na Síntese de Fischer-Tropsch para a Produção de SAF, em tradução livre), com o objetivo de mostrar o panorama brasileiro para a produção de SAF, apresentar o que é o ISI e onde estamos inseridos no cenário PD&I do SAF”, diz o pesquisador Giovanny Oliveira, do Laboratório de Sustentabilidade do Instituto.
“Como espectadores, participamos principalmente de palestras e sessões relacionadas ao SAF e aos combustíveis voltados aos outros modais de transporte e rotas de transformação de diferentes matérias-primas para produção desses combustíveis”, acrescenta.
Lançado em outubro de 2023 para ajudar a acelerar a expansão global da produção de biocombustíveis sustentáveis para a aviação, o “projeto ICARUS” é coordenado pelo Centro para Fontes de Energia Renovável e Economia de Energia (CRES), da Grécia.
O ISI-ER é parte de uma iniciativa colaborativa criada pelo órgão, o “Consórcio Icarus”, que reúne parceiros de diferentes países com pesquisas na área. Do Brasil, há dois representantes entre as instituições envolvidas, ambos da rede SENAI – além do ISI de Energias Renováveis, o SENAI Cimatec participa.
Destaque
“Estarmos inseridos nesse contexto de discussão internacional sobre o SAF é extremamente importante”, diz a pesquisadora do ISI-ER e coordenadora do projeto de desenvolvimento do combustível sustentável, no Instituto, Fabiola Correia. “Nós estamos em um grupo de relevância internacional sobre o assunto, com os principais players dessa área, em um projeto que busca justamente promover o tão urgente ambiente de produção”, acrescenta.
“Isso nos deixa em posição de destaque no Brasil quanto à tecnologia de produção de SAF, frente ao mundo, e abre perspectivas para parcerias e financiamentos internacionais”, analisa.
O tema também esteve no centro das discussões do webinar “Brazil-Australia: R&D on Sustainable Aviation Fuels”, que apresentou cenários de produção de combustíveis sustentáveis de aviação na Austrália e no Brasil, bem como teve o objetivo de estreitar os laços entre as pesquisas conduzidas pela Universidade de Queensland (UQ), na Austrália, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade de Pernambuco (UPE) e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, no Brasil. Clique aqui ou dê o play abaixo para assistir.
“Esse webinar, promovido pela Embaixada do Brasil na Austrália com o auxílio do Ministério de Relações Exteriores, permitiu que pesquisadores dos dois países tivessem um primeiro contato para compartilhamento de suas experiências, vislumbrando futuras cooperações”, disse Giovanny Oliveira.
As principais pesquisas apresentadas pelas instituições australianas, segundo ele, estão associadas à produção de SAF a partir de óleos (via rota de hidroprocessamento de óleos, do inglês Hydrotreated Esters and Fatty Acids – HEFA) e a partir de álcoois (via rota de conversão de álcoois, do inglês Alcohol-to-Jet – ATJ). “A primeira rota (HEFA) possui sinergia com o ISI-ER devido à infraestrutura existente na instituição e a segunda tem potencial para desenvolvimento de competência”, complementa o pesquisador.
Na apresentação que fez, ele abordou as principais linhas de pesquisa do Instituto e a infraestrutura existente para a produção de SAF via rota de Fischer-Tropsch e HEFA. Os projetos atualmente desenvolvidos na instituição para produção do combustível sustentável de aviação e a maturidade tecnológica envolvida no trabalho também foram contemplados.
Texto: Renata Moura
Foto: Divulgação ISI-ER