Indústria é setor que mais patrocina projetos criativos e culturais, aponta pesquisa da FGV

13/09/2024   09h56

A indústria foi a principal patrocinadora de projetos criativos e culturais em 2023, com base no uso de incentivos fiscais oferecidos pela lei federal de incentivo à cultura, conhecida como Lei Rouanet. No Brasil, 36,6% dos patrocínios foram feitos pelo setor industrial. Na sequência, vieram serviços bancários ou financeiros (27,1%) e serviços (14,2%). Os dados são de uma pesquisa conduzida pela Fundação Getulio Vargas (FGV), feita a pedido do Serviço Nacional da Indústria (SESI Nacional).

 

 

“Esse tipo de apoio é crucial para a sustentação e expansão das atividades culturais e criativas no Brasil. A participação em destaque da indústria como patrocinadora de projetos culturais reforça a visão de investimento e não custo, além de mostrar que ações assim geram um ganho social muito positivo a toda população”, explica o gerente executivo da FGV Projetos, Luiz Gustavo Barbosa.

 

 

 

Indústria é setor que mais patrocina projetos criativos e culturais, aponta pesquisa da FGV

 

 

 

 

Salário de ocupações criativas cresceram mais que a média

A pesquisa observou também o perfil das ocupações criativas no mercado de trabalho brasileiro. Os dados apontam que as ocupações criativas cresceram em um ritmo médio de 3% ao ano desde 2012, enquanto as demais ocupações cresceram uma média de 0,8% no mesmo período.

 

Houve ainda impacto no salário das ocupações criativas. A remuneração/hora cresceu, em média, 6,3 vezes mais que a remuneração/hora das demais ocupações entre 2012 e 2023.

 

Outro ponto importante é a escolaridade dos trabalhadores. O levantamento mostrou que trabalhadores que estão em ocupações criativas têm maior tempo de escolaridade e dedicação à formação em relação aos trabalhadores de outros setores: 43,6% dos profissionais têm 16 ou mais anos de estudo. Nas demais ocupações, apenas 20,3% contam com 16 ou mais anos de estudo.

 

 

 

Criatividade impulsiona desempenho das empresas

O investimento em economia criativa também é bom negócio para as empresas. Ao longo do tempo, o crescimento do valor adicionado foi 10% maior nos setores que mais utilizam a economia criativa como insumo, em relação aos setores menos intensivos em criatividade.

 

 

Para a superintendente de Cultura do SESI, Cláudia Ramalho, a economia criativa ajuda a solucionar problemas do cotidiano e melhorar produtos e serviços que já fazem parte da vida das pessoas, por isso é uma frente fundamental de progresso socioeconômico. “Ela ajuda a tornar nossa vida mais confortável, eficiente e segura. Além disso, é preciso levar em consideração o impacto e potencial que a indústria criativa exerce atualmente no desenvolvimento das pessoas e em suas qualidades de vida. A indústria criativa é a grande ponte para nosso futuro.”

 

 

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Indústria é setor que mais patrocina projetos criativos e culturais, aponta pesquisa da FGV

 

 

 

 

Por que a economia criativa é tão importante?

Economia criativa é o termo usado para descrever o modo de fazer e produzir riquezas que têm a criatividade como pilar fundamental dos processos. É fundamentada na produção cultural e artística, na tecnologia, em redes colaborativas, no empreendedorismo, em novos modelos de negócios e na sustentabilidade, envolvendo uma cadeia de trabalho baseada na criatividade e na inovação para a produção de bens, serviços e produtos.

 

 

De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a economia criativa é um dos setores que mais cresce no mundo. Ela tem ganhado cada vez mais relevância por ser considerada um elemento chave para as novas configurações da economia global, especialmente pela capacidade de promover inovação, valor econômico e coesão social.

 

 

Um levantamento do Observatório Nacional da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a expectativa é de que um a cada quatro novos empregos criados nos próximos anos seja em setores e ocupações da economia criativa.

 

 

O superintendente de Educação do SESI, Wisley Pereira, explica que arte e criatividade já são elementos considerados centrais na formação de um profissional. “Metodologias mais modernas já entenderam a importância de incorporarem elementos criativos e artísticos para desenvolver profissionais inovadores e a Rede SESI de Educação tem se destacado como referência em currículo criativo. A tendência é que essa abordagem cresça cada vez mais, na busca da formação para o trabalho do futuro”, afirma.