Tecnologias para SAF e hidrogênio verde marcam participação do ISI-ER no Congresso da RBQAV

21/06/2024   10h54

Fabíola Correia, pesquisadora do ISI de Energias Renováveis, participou da programação do Congresso, em Foz do Iguaçu, na mesa redonda “Produção de SAF por FT”

 

Tecnologias para produção de SAF (combustível sustentável de aviação) e hidrogênio verde foram discutidas nesta semana pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) no 3º Congresso da RBQAV – Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação. 

 

O Instituto é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) para energia eólica, solar e sustentabilidade, e está à frente de projetos pioneiros na área. O Congresso foi realizado entre os dias 17 e 19 de junho em Foz do Iguaçu/PR.

 

“O que nós destacamos no evento foi a grande vantagem da tecnologia Fischer-Tropsch para a produção do combustível, uma vez que trabalhamos com uma variedade enorme de matérias primas”, disse a pesquisadora e coordenadora do projeto de desenvolvimento de SAF no Instituto, Fabiola Correia. “Isso é importante porque temos esse perfil no nosso país, uma abundância de matéria prima e diversos tipos”, complementa.

 

Ela participou da programação do Congresso na mesa redonda “Produção de SAF por FT”, quando abordou aspectos técnicos da produção desse combustível pela rota Fischer-Tropsch – processo químico utilizado na primeira planta piloto do Brasil para produção de hidrogênio e combustíveis avançados, instalada desde 2023 no Instituto. 

 

O projeto de desenvolvimento de SAF, na planta-piloto do ISI, tem, entre os principais objetivos, chegar a um combustível que ajude a reduzir as emissões de gases do efeito estufa no transporte aéreo brasileiro.

 

Fabíola é mestre e doutora em Engenharia de Petróleo, além de pós-doutora em tecnologias de captura de CO2 pela Universidade de Sherbrooke, no Canadá. A mesa teve mediação do Projeto H2 Brasil, por meio da agência de cooperação alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

 

Tecnologia

A pesquisadora abordou na apresentação questões relacionadas à recirculação química e à Reverse Water Gas Shift Reaction (reação de deslocamento gás-água reversa), linhas que o laboratório está trabalhando. 

 

“Na recirculação química a gente trabalha com matérias-primas gerais, como glicerina e gás natural. E o Water Gas Shift é com a conversão do CO2 capturado do ar. A gente pega o hidrogênio verde, mais o CO2 capturado do ar, e converte em gás de síntese, que é para ir para o Fischer-Tropsch”. 

 

Essas tecnologias, explica a pesquisadora, têm como grande vantagem a descarbonização – termo usado para o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2), o mais abundante gás do efeito estufa. “O hidrogênio verde é um insumo limpo e o CO2 capturado do ar auxilia na descarbonização”, diz Fabíola, destacando a importância de discussões sobre esse tipo de tecnologia, neste momento.

 

“Essas são tecnologias promissoras para produção do SAF. O Fischer-Tropsch tem a maturidade industrial alta e um grande leque de matérias-primas que pode ser utilizado. Ele é como um passo à frente, por já ter uma escala de maturidade dentro da produção industrial e também por essa versatilidade, porque o SAF vai ser produzido por diversas rotas e por diversas matérias-primas, para atender toda a demanda que existe”, complementa a pesquisadora.

 

Estudos realizados pelo Laboratório de Sustentabilidade do Instituto SENAI foram apresentados pela pesquisadora durante o evento

 

Estudos

Pesquisas pioneiras no Brasil relacionadas a combustíveis sustentáveis são desenvolvidas no Laboratório de Sustentabilidade do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), que reúne o grupo de pesquisa mais antigo do SENAI do Rio Grande do Norte. São mais de 10 anos de estudos e execução de projetos envolvendo rotas alternativas de produção de hidrogênio – aquelas que não geram emissão de carbono no processo industrial. 

 

Em um dos atuais, o hidrogênio é um dos insumos para a produção de SAF (combustível sustentável de aviação). Em outro, são mapeados aspectos como gargalos tecnológicos, potenciais de produção e mercado.

 

Trabalhos na área também incluem o desenvolvimento de pesquisas em produção e distribuição de hidrogênio renovável, além do desenvolvimento de modelos matemáticos para avaliações econômicas dos recursos e otimização da logística de produção e distribuição do produto.

 

SOBRE O ISI-ER

O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) é a principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo novas tecnologias como o hidrogênio verde.

 

Faz parte da maior rede privada de institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação criada no Brasil para atender as demandas da indústria, composta por 26 Institutos SENAI de Inovação. 

 

A Rede tem como foco a pesquisa aplicada, o emprego do conhecimento de forma prática no desenvolvimento de novos produtos e soluções customizadas para as empresas ou de ideias que geram oportunidades de negócios. Desde que foi criada, em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão foram mobilizados em projetos de PD&I. 

 

O ISI-ER está em operação no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, em Natal, no Rio Grande do Norte, desde 2018. A instituição herdou integralmente atividades de pesquisa aplicada realizadas pelo SENAI-RN, que desde 2002 atua nesse campo e na prestação de serviços para os setores de gás e energia, com diversas empresas privadas e estatais de grande porte, do Brasil e do mundo, e com entidades governamentais. 

 

Na sua trajetória, o Instituto tem construído caminhos que contribuem para o progresso tecnológico do país e a sustentabilidade, com o avanço das energias renováveis e de inovações necessárias para a transição energética.

 

Pesquisadores/as do ISI foram pioneiros/as em estudos, com medições, sobre o offshore brasileiro, desenvolveram projetos como o novo Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte e estão à frente de iniciativas como o mais abrangente mapeamento em desenvolvimento no Brasil para identificar o potencial de geração de energia eólica com turbinas implantadas no mar, em convênio com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e de trabalhos como o desenvolvimento de SAF (combustível sustentável de aviação), em parceria com a Alemanha.

 

Texto: Renata Moura

Fotos: Divulgação