Todos os dias, por volta das 6h, homens vestindo macacões brancos, botas, máscaras e luvas amanhecem em salas de aula ainda vazias do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), em Natal, empunhando equipamentos que mais parecem “armas” no combate à Covid-19.
Enquanto os alunos não chegam, eles acionam um botão e com pequenos movimentos circulares com as mãos logo pulverizam mesas, carteiras e outras superfícies com produtos de limpeza e desinfecção escalados no trabalho de prevenção contra a doença. “Parecem até astronautas, passando a ‘fumacinha’ de produtos, cheios de máscaras”, descreve Rodrigo Mello, diretor do Centro.
As cenas viraram rotina na instituição junto com uma série de outras medidas que se intensificam desde março, por meio do “Programa Boas práticas higiênico-sanitárias e cuidados contra a Covid-19”, criado pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e executado no CTGAS e no Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), pelo Serviço Social da Indústria (SESI).
Desde o ano passado 341 estabelecimentos, entre escolas, creches, berçários, associações, clínicas, hotéis, churrascarias e escritórios, por exemplo, foram certificados no estado. Atualmente, um dos focos dos trabalhos é a rede pública de educação, com a execução de ações em curso em mais de 1000 escolas.
Segurança
Na área de 20 mil metros quadrados que o CTGAS e o ISI-ER ocupam em Natal, as aulas do CTGAS foram retomadas hoje (21), após 15 dias de férias para milhares de estudantes divididos em diferentes turnos de cursos como eletrotécnica, mecânica, soldagem, redes de computadores, refrigeração e climatização.
As turmas se somam a estudantes de ensino médio que estudam no SESI e fazem o ensino profissionalizante do SENAI e outros que estão em um Programa para jovens aprendizes desenvolvido pela Petrobras. Para muitos deles, a rotina de cuidados não é mais novidade. Mãos e pés higienizados e temperatura do corpo verificada são praxe desde o ano passado ao entrarem no prédio.
Agora no retorno às aulas, eles encontram pela primeira vez afixados na parede, entretanto, dois “selos de BioPrevenção” que indicam que salas de aula, oficinas, laboratórios e demais espaços adotam medidas adequadas contra a Covid-19.
Os selos foram oficialmente entregues pelo superintendente do SESI RN, Juliano Martins, ao diretor regional do SENAI no Rio Grande do Norte, Emerson da Cunha Batista, na tarde desta quarta.
“Esses selos propiciam para o nosso público de alunos, clientes, visitantes e colaboradores a garantia de controle e melhor sentimento de tranquilidade quanto à pandemia da Covid-19”, disse Batista, afirmando que “o trabalho desenvolvido será expandido para as demais unidades do SENAI no estado, reforçando todo um protocolo já existente desde o início da pandemia”.
Medidas
No caso do CTGAS e do ISI-ER, os certificados chegam após quatro meses de consultoria com orientações para adoção de medidas preventivas com foco na remodelagem de processos de produção, prestação de serviços e atendimento.
“Tanto o CTGAS quanto o ISI já haviam implementado diversas ações”, diz a Engenheira de Segurança do Trabalho do SESI, Eloisa Tavares, que conduziu a consultoria com a enfermeira, também do SESI, Monique Dantas.
“O que nós fizemos foi um trabalho de diagnóstico e a apresentação de um plano de ação com recomendações que foram seguidas e que conferem às duas unidades agora o selo de BioPrevenção”, explica a engenheira.
As providências adotadas no prédio incluem o escalonamento de horários das turmas que assistem às aulas presenciais, para evitar entradas simultâneas e aglomerações na chegada, saída ou nos intervalos.
Outros resultados são visíveis pelos vários corredores e salas, com separação maior entre carteiras e mesas, sinalizações coloridas no chão e nos locais de refeição, também com o distanciamento correto.
O trabalho atesta ainda que desde precauções mais básicas são adotadas e intensifica a obrigatoriedade de outras, como a elaboração de procedimentos operacionais, como o estabelecimento de horários específicos para higienização dos ambientes, a pulverização das salas com material apropriado para sanitização e a disposição de lixeiras adequadas para descarte de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) da equipe.
Todos os colaboradores, dentro desse trabalho, também participaram de capacitação online para esclarecer dúvidas e entender os protocolos.
Cultura
“Há uma preocupação do SENAI de melhorar o ambiente de ensino de forma permanente. E a questão de segurança de saúde é algo que durante a pandemia está sendo mais premente, e é uma preocupação que adotamos como cultura da entidade, que vai ser para sempre”, diz o diretor do CTGAS-ER e do ISI-ER, Rodrigo Mello.
“O aprendizado que tivemos com essa consultoria serviu para melhorar o nosso ambiente, com um grande investimento feito no comportamento das pessoas”, acrescentou. “Nossa grande preocupação é que alunos, professores, pesquisadores tragam isso para sua rotina e saibam que aqui é um lugar onde se trabalha para que os riscos sejam os menores possíveis”.