Atlas Eólico em desenvolvimento pelo ISI-ER será estratégico para geração de energia no mar, aponta governo

17/06/2021   16h47

 

Secretário da Sedec, Jaime Calado, apresentou perspectivas do estado com energias renováveis

 

O Rio Grande do Norte, que já é o maior produtor de energia eólica em terra no Brasil, está de olho em novas frentes de investimentos e na expectativa de captar negócios – e empregos – com a implantação de parques eólicos também no mar.

 

O estado tem atualmente quatro projetos em desenvolvimento na costa, à espera de licenças ambientais, e vê pesquisas e inovação na área como estratégicas para atrair novas oportunidades, com foco, porém, não só na energia dos ventos.

 

“Temos capacidade de produzir também hidrogênio verde, o chamado ‘combustível do futuro’, com os menores custos do mundo”, disse o secretário estadual de desenvolvimento econômico, Jaime Calado, durante videoconferência promovida pela Secretaria nesta quinta-feira (17) para apresentar as perspectivas do estado com energias renováveis.

 

A reunião contou com a participação de representantes de empresas, de bancos e de instituições de pesquisa, a exemplo do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) – unidades do SENAI RN que desde 2011 realizam estudos na área.

 

Pesquisa

A presença local de centros de pesquisa e tecnologia de referência nacional foi um dos diferenciais do estado destacados pelo secretário durante a videoconferência.

 

Ele ressaltou que o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, que tem sede em Natal e é a principal referência do SENAI no Brasil para pesquisa, desenvolvimento e inovação para as indústrias de energia eólica e solar, é a organização contratada pelo governo para elaborar o Atlas Eólico e Solar do estado.

 

O estudo foi citado por Calado como um dos mais importantes em curso para futuros investimentos no Rio Grande do Norte e tem como objetivo mostrar em terra e no mar as melhores áreas para geração dessas duas fontes de energia. “No mar o potencial é acima de 110 Gigawatts (GW). Para vocês terem ideia, a Itaipu – segunda maior hidrelétrica do mundo, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai – tem potencial de 16 GW”, disse ele.

 

Para o diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), Rodrigo Mello, “enquanto centro de pesquisa, o ISI-ER tem a missão de procurar respostas junto ao setor produtivo, que tornem o ambiente produtivo mais fértil, esclarecendo ao mundo os potenciais que existem, e, especialmente, desenvolvendo tecnologias que mantenham o setor em permanente busca pela melhoria na eficiência e eficácia de seu ambiente produtivo”.

 

“A utilização de energias renováveis é um rumo sem volta”, diz ele. “E o Rio Grande do Norte, certamente, é um dos melhores locais para trabalhar essa cadeia produtiva”.

 

A equipe de pesquisadores do SENAI RN – que engloba o CTGAS-ER e o ISI-ER – desenvolve pesquisas desde 2012 “em busca de rotas verdes de produção de hidrogênio, aquelas que não geram emissão de carbono no processo industrial”. As pesquisas têm como objeto a produção de hidrogênio a partir do etanol, uma solução buscada por indústrias do setor de óleo e gás.

Pesquisas no SENAI já resultaram na elaboração do primeiro Atlas eólico offshore do RN

 

No campo da energia eólica offshore, as pesquisas no SENAI existem desde 2011 e já resultaram, por exemplo, na elaboração do primeiro Atlas eólico offshore do RN e Ceará, um mapeamento do potencial de geração de energia na costa dos dois estados nordestinos. O trabalho teve financiamento da Petrobras.

 

A reunião para apresentação das oportunidades trazidas pelos parques eólicos offshore e a produção de hidrogênio verde contou com a apresentação “Energia eólica offshore e hidrogênio verde: oportunidades para o RN e o Brasil”, do pesquisador Mário González, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ele ressaltou que o Rio Grande do Norte tem, entre outras oportunidades, a de se tornar exportador de energia limpa e um fornecedor de hidrogênio verde para o mundo. A demanda, especialmente na Europa e em países como o Japão, segundo ele, está aquecida.

 

No caso da energia eólica offshore – a indústria de parques eólicos montados no mar – dados apresentados pelo pesquisador, mostram alto potencial de geração de energia próximo à costa do RN e Ceará e em profundidades de água menores que em regiões como Sul e Sudeste, o que tornaria o custo de geração menor para os investidores.

 

“Nós estamos nessa corrida e só com os quatro projetos que já temos o potencial (de geração de energia) é maior que o que temos em terra, e que já torna o RN o maior produtor de energia eólica do Brasil”, acrescentou o secretário de Desenvolvimento, Jaime Calado.