Robson Braga de Andrade
Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Inovações transformam as fontes de competitividade, os modelos de negócios e a gestão empresarial. Hoje, vivemos um intenso processo de geração e difusão de tecnologias integradas e inteligentes. As empresas brasileiras precisam se posicionar frente a essa revolução. Apesar dos riscos, que não são desprezíveis, a indústria está diante de oportunidades para avançar em sua capacidade competitiva. Para isso, é necessário conhecer tendências, identificar tecnologias relevantes e estimar impactos das mudanças.
Conectada ao big data e à inteligência artificial, a biotecnologia sintética está transformando as agroindústrias, a indústria química e a farmacêutica, por exemplo. O preço dessas tecnologias está em queda acentuada, assim como o de nanotecnologias, redes de comunicação e materiais avançados. Para se ter uma ideia, o custo de exames de DNA cai de forma mais acelerada do que o da fabricação de chips.
Nos últimos 10 anos, vimos surgirem inovações com efeitos na indústria e na vida das pessoas. A todo momento, novas tecnologias modificam a realidade em que estamos imersos. Computador, internet e smartphone alteraram substancialmente o comportamento da sociedade e o modo de produzir. Para a próxima década, a expectativa é que tecnologias conectadas, convergentes e inteligentes tragam mudanças profundas no interior das empresas, ao mesmo tempo em que criam possibilidades para o mercado.
Essas inovações serão um caminho sem volta e implicam transformações na produção, na logística, na distribuição e, principalmente, na base de conhecimento e de relacionamento entre empresários, pesquisadores e trabalhadores. É essencial e urgente, portanto, o debate sobre educação e qualificação profissional no país de modo a agir efetivamente para aperfeiçoar nossas capacidades.
O Projeto Indústria 2027 é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no marco da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), que mobiliza mais de 40 pesquisadores de duas das principais universidades do país – UFRJ e Unicamp. Inédito, o estudo convida empresas de todos os segmentos e portes a se prepararem para os desafios que novas tecnologias impõem. Uma vez vencidos, eles podem ajudar a reinserir o Brasil na trajetória de desenvolvimento.
O projeto traça tendências e seus impactos sobre o setor ao longo da próxima década. Mapeia oito grupos de tecnologias – inteligência artificial, internet das coisas, redes de comunicação, produção inteligente e conectada, materiais avançados, nanotecnologia, biotecnologia, e armazenamento de energia. Além disso, avalia os efeitos das inovações em 10 conjuntos de segmentos industriais, mostrando como alteram fatores-chave de competitividade.
O estudo identifica quais inovações resultam em transformações moderadas ou disruptivas hoje e em até 10 anos. O Brasil pode encontrar importantes oportunidades de desenvolvimento econômico e crescimento sustentável a partir dessas novas tecnologias. Assim como ocorre em outros países, a indústria brasileira precisa traçar estratégias para definir que patamar quer atingir no futuro próximo. Devemos estar atentos e preparados.
Cada uma a seu tempo e em ritmo próprio, as inovações invadem a produção industrial e o funcionamento das empresas. O caminho é olhar adiante e compreender a necessidade de as indústrias se atualizarem perante uma série de tecnologias. É preciso, portanto, olhar com profundidade para as tecnologias e para seu poder de modificar os parâmetros em um contexto de competição global.
Este é o momento de as empresas brasileiras assumirem o protagonismo nesse tema. Quanto mais rápido nos aproximarmos da indústria do futuro, mais o Brasil terá chances de reconquistar sua posição estratégica na economia mundial. Não há alternativas se quisermos nos tornar um país próspero e desenvolvido.
Publicado na Tribuna do Norte (30.09.2018)